Querido pai,
Essas últimas semanas tem sido uma droga,é muito ruim não ter você aqui.
Eu não me importo com dinheiro,nem com todas as responsabilidades que ganhei à mais depois da sua partida,afinal nos últimos anos você tinha me ensinado cada vez mais me virar sozinha (mesmo sem eu querer), sei que até reagia com certa rebeldia mas faz parte (risos).
Oque me importa, é que sei que você nunca vai ver o neto(a) que queria tanto ver (mesmo que a probabilidade dele existir seja mínimas) ou de me ver crescer ainda mais (além daquele mercado bobo) pois sei que você já se orgulhava de mim já nessa etapa, porém eu queria mais!
Fico triste em saber que nunca vou ver sua reação ao contar que eu planejo ir morar com Andrei (sim, o cara que pinta a unha,fazer oque? Eu amo ele),sei que você surtaria.
Ah, minha mãe não está nada bem,sabe como ela é frágil e como nós a acostumamos mal (maior parte da culpa é sua). Ela te ama mesmo você sendo essa pessoa complicada e estressada (risos), mas fica tranquilo que estou cuidando dela. Sinto que ela não vai escutar raça negra por um bom tempo e nem beber Itaipava (risos)
Ai pai,sinto tanta falta das nossas brincadeiras, e de você me ligando toda hora, dos abraços ( até mesmo aqueles que eram para estalar as minhas costas) e de deitar no seu peito cabeludo ( as vezes puxar um cabelo só para te irritar) e dormir até esquecer de todo mal que me afligia.
Tenho tanta coisa para lhe dizer mas está carta já está imensa,quem sabe na próxima.
Até um dia
Eu amo você !
Da sua filha querida,
Julia
